terça-feira, 25 de maio de 2010

III Fórum de Comunicação e Sustentabilidade (20 de maio)

 

Mesa 3: Respeitar e cuidar da Comunidade da vida.
A Marisa Orth realmente é uma figura e conseguiu deixar a platéia menos irritada mesmo após várias tentativas de solucionar um problema com os fones que traduziriam as palavras do ovacionado  Muhammad Yunus (criador do banco dos pobres -  Grammen Bank, e Prêmio Nobel da Paz em 2006).
E as confusões persistiram... (quem vai traduzir o Yunus?)

  A médica Vera Cordeiro (amiga e seguidora do Yunus) se dispôs a fazê-lo, mas na verdade ela foi é se adiantando  para usar logo seus 15 minutinhos de verbo, verboarra, verborragia...  A Dra. Vera fundou a Associação Saúde Criança e relatou os problemas que  a miséria  acarreta defendendo formas de combater o ciclo vicioso (miséria, internação, reinternação e morte – comum entre os pacientes atendidos na pediatria).
Com tradutora a postos Yunus nos contou sua experiência bem sucedida com a criação do banco que dá crédito aos pobres, com foco em mulheres - que conseguem gerar renda e custear o estudo dos filhos que por vez se formam em universidades e através dos estudos conseguem retribuir a sociedade o bem que lhes foi concebido – muitas vezes se tornam empreendedores gerando emprego nas vilas onde nasceram. Falou da nossa responsabilidade individual salientando que nem o governo, nem a indústria nem o terceiro setor conseguirão sozinhos resolver os problemas da crise em que vivemos.

“Toda vez que vejo um projeto com problemas eu
crio outro projeto para solucionar o problema”
  Muhammad Yunus.



Após o break para o lanchinho, o tão esperado encontro com o Leonardo Boff. 

Pessoalmente sou durona e crítica, o Boff fez meus olhos não se agüentarem, os sentimentos entraram em ebulição e senti que diante de mim estava a testemunha viva de um ser que fez de sua existência a missão; mobilizar a sociedade em prol da conscientização altruísta que falta para um mundo melhor.
Religião, cultura, idioma, nada abafava aquelas verdades ditas com força e serenidade. 

Suas palavras incomodavam também, por mexer com aquela parte que dormia, com o íntimo, me senti sacudida com o chamado do professor de ética que ousou em romper com a instituição mais poderosa do mundo para prosseguir com suas pesquisas - hoje difundidas em seus mais de 60 livros que vão da teologia, filosofia à mística e antropologia.  


 “Um ponto de vista é apenas a vista de um ponto”
“Ou fazemos uma aliança global para cuidar da vida ou nos extinguiremos”
“A ética do cuidado é a maior força que se opõe a entropia”

Vieram os debates, o MV Bill se colocou muito bem, sua participação foi bem diferente da dos outros mc´s convidados, senti orgulho do Rio ao ver o nível de articulação do rapper, criticou a indústria cinematográfica que vende inverdades de forma leviana e mercadológica como foi o caso do filme “Cidade de Deus”, que deveria se chamar cidade dos homens  - segundo ele; narrou o resultado do impacto gerado pelo filme e seus reflexos negativos na comunidade que passou a carregar o estigma da imagem permissiva e tendenciosa, que foi hostilizada pela sociedade, que ficou excluída, que sofreu com a violência da polícia alimentada pela ignorância e ilegitimidade.
A gerente de programas sociais da Petrobrás, Janice Dias falou da metodologia que ela usa, do diálogo horizontal e democrático que leva a tirar o cidadão da posição de vítima e da lamentação e abre portas para esse mundo ideal tão falado no Fórum. Disse que desenvolvimento com cidadania requer igualdade de oportunidades – seja regional, local etc.

Falou do case da Petrobrás, da demanda de projetos e dos critérios de avaliação e aprovação  e enfatizou que a Petrobrás acredita na capacidade de gestão das ONG´s – que o problema esta na dificuldade de sistematizar as informações dos resultados dos esforços empenhados.

Mais um intercambio foi aberto com muitas perguntas do público presente e via internet – através de instituições que participavam em tempo real – e em todo Brasil.

A noite encerrou com vários shows com Seu Jorge, Mallu Magalhães, Móveis Coloniais de Aracajú, GOG, Jair de Oliveira, MV Bill e Ferrez.

 
Jovens chegando para o encerramento que continha um conceito simbólico: homenagear a Carta da Terra.
Luzes apagadas, cerveja por 5,00 reais o copo quente (preço nada sustentável...) e  os rappers em cena.


“Um clima de azaração, sensação que pra  informação tem que ter o tal pão e circo senão não há motivação, lamento essa minha geração.” – Janara Morenna.

2 comentários:

  1. Retratou muito bem, querida! Esse fórum serviu pra grifar tudo aquilo que já sabemos e nao praticamos (certo?). As palestras foram muito educativas, esclarecedoras e posso dizer até incentivadoras.
    Quem sabe se todos que estavam lá conosco fizessem um pouquinho pra mudar a condicao em que nos encontramos nao podemos, talvez, criar uma iniciativa como Nolvak fez na Estonia? Sonhar nao custa nada...rs
    Beijos, Tathiana Braga

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  2. Aprendi muito, pra mim serviu demais, saí de lá com a sensação que estou no "caminho certo" e continuo pesquisando e buscando conectar tudo que faço aos ideias tão falados no Fórum.
    Tenho consciência que não pratico muita coisa até por força da subjetividade do sistema e suas leis - mas dentro do que posso, tento fazer essa diferença, por ex. quando prefiro pagar o preço por utilizar malhas recicladas e tintas não tóxicas que não poluem nossas águas...
    Isso não é sonhar, é realizar! Beijos!

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