Mesa 3: Respeitar e cuidar da Comunidade da vida.
A Marisa Orth realmente é uma figura e conseguiu deixar a platéia menos irritada mesmo após várias tentativas de solucionar um problema com os fones que traduziriam as palavras do ovacionado Muhammad Yunus (criador do banco dos pobres - Grammen Bank, e Prêmio Nobel da Paz em 2006).
E as confusões persistiram... (quem vai traduzir o Yunus?)
A médica Vera Cordeiro (amiga e seguidora do Yunus) se dispôs a fazê-lo, mas na verdade ela foi é se adiantando para usar logo seus 15 minutinhos de verbo, verboarra, verborragia... A Dra. Vera fundou a Associação Saúde Criança e relatou os problemas que a miséria acarreta defendendo formas de combater o ciclo vicioso (miséria, internação, reinternação e morte – comum entre os pacientes atendidos na pediatria).
Com tradutora a postos Yunus nos contou sua experiência bem sucedida com a criação do banco que dá crédito aos pobres, com foco em mulheres - que conseguem gerar renda e custear o estudo dos filhos que por vez se formam em universidades e através dos estudos conseguem retribuir a sociedade o bem que lhes foi concebido – muitas vezes se tornam empreendedores gerando emprego nas vilas onde nasceram. Falou da nossa responsabilidade individual salientando que nem o governo, nem a indústria nem o terceiro setor conseguirão sozinhos resolver os problemas da crise em que vivemos.
crio outro projeto para solucionar o problema”
Muhammad Yunus.
Após o break para o lanchinho, o tão esperado encontro com o Leonardo Boff.
Pessoalmente sou durona e crítica, o Boff fez meus olhos não se agüentarem, os sentimentos entraram em ebulição e senti que diante de mim estava a testemunha viva de um ser que fez de sua existência a missão; mobilizar a sociedade em prol da conscientização altruísta que falta para um mundo melhor.
Religião, cultura, idioma, nada abafava aquelas verdades ditas com força e serenidade.
Suas palavras incomodavam também, por mexer com aquela parte que dormia, com o íntimo, me senti sacudida com o chamado do professor de ética que ousou em romper com a instituição mais poderosa do mundo para prosseguir com suas pesquisas - hoje difundidas em seus mais de 60 livros que vão da teologia, filosofia à mística e antropologia.
“Um ponto de vista é apenas a vista de um ponto”
“Ou fazemos uma aliança global para cuidar da vida ou nos extinguiremos”
“A ética do cuidado é a maior força que se opõe a entropia”
Vieram os debates, o MV Bill se colocou muito bem, sua participação foi bem diferente da dos outros mc´s convidados, senti orgulho do Rio ao ver o nível de articulação do rapper, criticou a indústria cinematográfica que vende inverdades de forma leviana e mercadológica como foi o caso do filme “Cidade de Deus”, que deveria se chamar cidade dos homens - segundo ele; narrou o resultado do impacto gerado pelo filme e seus reflexos negativos na comunidade que passou a carregar o estigma da imagem permissiva e tendenciosa, que foi hostilizada pela sociedade, que ficou excluída, que sofreu com a violência da polícia alimentada pela ignorância e ilegitimidade.
A gerente de programas sociais da Petrobrás, Janice Dias falou da metodologia que ela usa, do diálogo horizontal e democrático que leva a tirar o cidadão da posição de vítima e da lamentação e abre portas para esse mundo ideal tão falado no Fórum. Disse que desenvolvimento com cidadania requer igualdade de oportunidades – seja regional, local etc.
Falou do case da Petrobrás, da demanda de projetos e dos critérios de avaliação e aprovação e enfatizou que a Petrobrás acredita na capacidade de gestão das ONG´s – que o problema esta na dificuldade de sistematizar as informações dos resultados dos esforços empenhados.
Mais um intercambio foi aberto com muitas perguntas do público presente e via internet – através de instituições que participavam em tempo real – e em todo Brasil.
A noite encerrou com vários shows com Seu Jorge, Mallu Magalhães, Móveis Coloniais de Aracajú, GOG, Jair de Oliveira, MV Bill e Ferrez.
Jovens chegando para o encerramento que continha um conceito simbólico: homenagear a Carta da Terra.
Luzes apagadas, cerveja por 5,00 reais o copo quente
“Um clima de azaração, sensação que pra informação tem que ter o tal pão e circo senão não há motivação, lamento essa minha geração.” – Janara Morenna.
Retratou muito bem, querida! Esse fórum serviu pra grifar tudo aquilo que já sabemos e nao praticamos (certo?). As palestras foram muito educativas, esclarecedoras e posso dizer até incentivadoras.
ResponderExcluirQuem sabe se todos que estavam lá conosco fizessem um pouquinho pra mudar a condicao em que nos encontramos nao podemos, talvez, criar uma iniciativa como Nolvak fez na Estonia? Sonhar nao custa nada...rs
Beijos, Tathiana Braga
Aprendi muito, pra mim serviu demais, saí de lá com a sensação que estou no "caminho certo" e continuo pesquisando e buscando conectar tudo que faço aos ideias tão falados no Fórum.
ResponderExcluirTenho consciência que não pratico muita coisa até por força da subjetividade do sistema e suas leis - mas dentro do que posso, tento fazer essa diferença, por ex. quando prefiro pagar o preço por utilizar malhas recicladas e tintas não tóxicas que não poluem nossas águas...
Isso não é sonhar, é realizar! Beijos!