Nos dias 19 e 20 de maio rolou no Vivo Rio um encontro maravilhoso onde vários pensadores daqui e do mundo deram um pouquinho das suas compreensões sobre suas pesquisas e visões do que está ocorrendo conosco, com a terra, ou melhor, “mãe terra”.
O evento estava muito bonito e organizado, foram distribuídos kits com material institucional de algumas empresas apoiadoras como Petrobrás, Banco do Brasil e Vale dentro de uma bolsa feita com lona (espero que a eco-lona) e mais caneta e caderno reciclados.
Começamos o dia com a interpretação da carta da terra em uma cerimônia não muito convencional, digo, era dirigida ao espiritual - onde os elementos água, terra, fogo e ar foram representados figurativamente e mantras eram cantados. Achei bacana a ousadia, só o fato de propor aos convidados que prestassem atenção no ar e na respiração já mudou o ambiente antes agitado.
Falou-se de uma interdependência como forma de vida, a educação moral e espiritual seria a base para uma vida sustentável. O intelectual, artístico, ético e espiritual deverá ser a nova religião (religare, ligar de novo...). Falaram de espiritualidade e fé atrelada ao método; “quanto maior nosso poder, maior nossa responsabilidade” – e a mídia detém poder, portanto, deveria usá-lo mais para dar abrangência às questões e temas do Fórum. A Celina Elena conseguiu emocionar muita gente, outras nem tanto.
A mediadora foi a Mona Dorf e anunciou o quadro de palestrantes do dia.
Começamos pelo jovem londrino
(e lindo) Lucian Tarnowski. O jovem de terno escuro, camisa listradinha verde e branco e meias verdes, falou sobre as mídias digitais e como a geração de hoje tem o poder de difundir conhecimento através da internet , disse que a mídia social aliada à educação podem transformar o mundo de hoje num mais ideal e justo.
Entrou o Gilberto Maldonado e falou sobre os modelos de comunicação em transição e as novas redes para o futuro; “No futuro, os jovens não terão paciência com o modelo atual”. Hoje convivemos com a mídia impressa e virtual, mas no futuro teremos as redes dominando a informação, com essa visão lembrei de um vídeo que assisti até o fim (era grande) que se tratava da apresentação do IPad para o público consumidor, no vídeo o gênio Steve Jobs mostrava e tentava provar como será mais fácil e muito melhor a experiência de lêr um jornal ou livro usando a prancheta eletrônica que permite milhões de ações simultâneas e que promete revolucionar a forma das pessoas lerem qualquer coisa. Acho que o fato de economizarmos papéis = árvores = oxigênio = preservação da espécie humana já é bastante coisa para me convencer a ter um IPad, falta mesmo é o preço ser sustentável a realidade do mundo, mas dentro de uma expectativa de mercado não esta mal.
Aí veio o GOG, um MC e poeta de sobradinho, meu conterrâneo, colocou muito bem seu ponto de vista trazendo sua experiência de vida e dizendo o quanto o movimento Hip – Hop ajuda na questão da conscientização da população com relação as mais diversas questões políticas, sociais etc.
Débora Garcia do canal futura falou sobre os conceitos de sustentabilidade (sustentáculo, suporte, apoio...) fazendo referencia aos conteúdos da programação oferecida e a forma que a equipe trabalha como case para o tema. “O futura trabalha muito no sentido de mediar conflitos de conceitos e idéias às vezes proeminentes de um mesmo nicho e nessa sopa de discordâncias se torna um canal para que várias vozes possam ser expressas”. Por fim comparou outras TVs do mesmo segmento em termos de número (capital) para produção de conteúdo similar (a mesma “entrega para sociedade”), se for verdade o que ouvi achei muito significativo: Futura gasta 30 milhões x TV Brasil que gasta 350 milhões e TV Cultura 150 milhões... Que disparate! E para ela o resultado se dá na forma organizacional da empresa, equipes pequenas e prestadores de serviços de várias regiões, de acordo com o que for produzido por cada uma delas.
Vincent Defourny representando a UNESCO veio da França para falar como um filósofo. Falou do mal que nasce na mente das pessoas e como se reflete no comportamento (lembrei imediatamente dos conceitos
Logosóficos), fez brincadeira com a palavra “comunicação” e “ação”. Contou um case de um enorme piquenique em Paris que fora organizado em poucas horas em um parque e que desestabilizou a polícia pois através das redes sociais podemos fazer muitas mobilizações.
Chamou-me a atenção quando ele trouxe as noções dos pilares “Logos, Pathos e Ethos” (aliás tenho um blog que se chama “
Logos Ilustradas”...) como os 3 elementos que formam a perfeição em termos de comunicação e argumentação quando equilibradas: as dimensões da racionalidade, lógica e Verdade; das emoções, sentimentos e paixões e por fim formando a trilogia - a dimensão cultural, social, da credibilidade e magnificência. Para ilustrar citou o exemplo do que acorreu no Haiti, dizendo que as pessoas estavam tão afetadas emocionalmente que houve uma grande movimentação no sentido de unir esforços m prol da solidariedade... “Mas só a emoção não basta, temos que equilibrar...”.
Falou também da questão da mulher na sociedade como divisor de águas e câmbio muito positivo e que para chegar nesse reconhecimento da mulher e do seu papel no mundo, muitas ações conjuntas foram necessárias e que hoje podemos também mobilizar as pessoas buscando mudanças positivas através da “
Cultura de Paz” – Esse termo vem de fundamentos e valores que deram origem a um acordo assinado em 1999 e selado pela ONU.
Achei incrível quando ele disse que São Paulo reduziu 3x a violência através da comunicação da Cultura de Paz, e que o Rio de Janeiro não reduziu em nada esse índice medido na mesma época que São Paulo. Disse ainda que o manifesto foi incorporado por todas as esferas da sociedade: na saúde, governo, educação etc. e por fim fez um apelo ao governo do Rio para que adote a mesma idéia. Assino embaixo!
A Nobel da Paz Rigoberta Menchú deixou muita gente emocionada, relembrou e declarou a
Carta da Terra e nos lembrou que não fizemos 1% do que prometemos quando assinamos o compromisso com a “mãe terra” através da Carta. Disse que se 10% da Carta tivesse sido feito que hoje não estaríamos vivendo o caos que estamos. Falou muito sobre espiritualidade e consumismo e em como o consumo material não preenche as necessidades do ser humano porque na verdade precisamos alimentar nosso espírito e nenhum recurso material cura as dores humanas...
Falou que vivemos hoje combatendo os efeitos das crises e levantou a questão do porquê de nossas reações serem reativas e não preventivas e que devemos ter um código de ética.
Chamou-nos a atenção para o poder que detemos, falou dos tipos de poder existentes como o político, econômico e industrial e do poder de cada um, completando ao dizer que “existem pessoas que podem fazer a diferença, porém só se não forem expectadores a vida, temos que ser protagonistas” – Rigoberta Menchú.
O jornalista André Trigueiro, super engajado e articulado falou com muita intimidade sobre o tema sustentabilidade e deixou muita gente sem piscar, ele mais parecia uma metralhadora verbal, começou seu discurso falando das antigas civilizações já extintas por conta dos recursos naturais, que os arqueólogos mapearam a falência dessas civilizações que sumiram por conta do colapso que a falta de recursos naturais trouxe: “crescer por crescer é a filosofia da célula cancerosa”.
Gostei muito de uma frase que ouvi do Trigueiro: “ A pior vaidade é a vaidade intelectual" - Por ser na opinião dele um crime de lesa-pátria.
Falou muito da ética na comunicação para que os profissionais da área usem o termo “sustentabilidade” sem torná-lo vulgar, disse que estão brincando com a palavra, que a forma leviana como esta sendo usada torna o conceito superficial . Aqui fiz um link com minha pesquisa, minha principal preocupação é em saber como controlar o mkt –verde usado indiscriminadamente para agregar valor a marcas.
“Respeitem a palavra sustentável, façam comunicação com ética e fundamento” – André Trigueiro.
Em seguida veio o Tião Santos, presidente da ACAMJG Associação dos catadores do aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, foi ovacionado ao denunciar o paradoxo sustentável e marketing –verde, disse que o primeiro não é negócio e sim responsabilidade.
O MC Ferrez de São Paulo contou sobre sua experiência no local onde mora “Capão” e em como conseguiu mudar o paradigma da população jovem local.
CONTINUO EM BREVE!