sábado, 1 de janeiro de 2011

Reflexão fim de ano, já obsoleta a sensação, mas o registro é eterno:

O relógio contou 365 dias roubando, só pode... A sensação foi de um ano record, quando vimos já era carnaval e sem seguida meio do ano, inverno, pressão de fim de ano e acabou. Pelo menos dizem que esse foi intenso, mais voltado para o conhecimento, seja ele interno: do encontro consigo mesmo, ou do externo: do trabalho e dos estudos.
Em plena crise de valores, de todos os lados vemos temas como a ética, a moral ou a espiritualidade serem retomados, debatidos e até revistos. Parece haver uma esperança de melhorar o mundo adequando princípios clássicos de conduta aos novos tempos.
O indivíduo nunca esteve tão em foco, as classes que não tinham acesso a bens de consumo agora usam e abusam do seu conquistado crédito, do seu sonhado “poder de compra” e assim crêem afirmar suas singularidades, ideal este disseminado pela cultura de massa, onde até o ocidente e oriente se misturam.
No mar do “ter” para “ser” a felicidade se encontra nas sacolas de compras, num shopping Center e se completa nos álbuns do facebook , pois só tem graça “ser” se puder mostrar, ou no verbo atual, compartilhar e curtir.
Na outra ponta há um movimento que marca a negação da caminhada pelo efêmero, sempre há o outro pólo, justamente para equilibrar, o fetiche de consumo dessa ordem é o paradoxal “novo luxo” baseado no princípio de uma vida a partir da simplicidade, da busca do ser para ter – e não o contrário, da valorização do auto conhecimento, de buscar amadurecimento, de fazer o bem, do culto pelo que é natural no lugar do artificial, do ócio criativo, de estar entre amigos, pelas causas ecológicas, enfim, de ter de novo um ideal.
Pouco a pouco saímos de um extremo baseado no exagero, na ostentação e na profusão de formas, cores e marcas (brand) e como em todas as épocas anteriores, depois do over vem o minimalismo, sentimos vontade de “limpar”, clarear, tornar leve. A moda é um exemplo disso. Vimos a volta dos anos 80´ em 2009 - 2010, mas já em 2011 os ditos formadores de opinião (pesquisa baseada em publicações de mídia segmentada), parecem querer se livrar de toda tralha e flutuar em nuvens de seda cor de rosa chá.


Paralelo à velocidade em que o mundo gira,  na janela virtual emergem frases impactantes, filosóficas e reflexões em tom moralista, que mesmo parecendo hipócritas, tais discursos têm lá sua função. Meu palpite é que tal advento seja o indício dessa busca desesperada por segurança. O resgate do que é eterno traz isso, a sensação de conforto e confiança no futuro.
Janara Morenna.:





Ilustrações: Janara Morenna

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